Título: P-SOL defende nepotismo no Senado
Autor: Hugo Marques e Sérgio Pardellas
Fonte: Jornal do Brasil, 06/04/2005, País, p. A6

O Partido Socialismo e Liberdade (P-SOL) - legenda que abriga a senadora Heloisa Helena (AL) e os deputados Luciana Genro (RS) e Babá (PA) - defendeu ontem o nepotismo. A Executiva Nacional da sigla divulgou nota apoiando a contratação de parentes no gabinete do senador Geraldo Mesquita Júnior (AC), que entrou no partido na quarta-feira. Reportagem do JB, publicada domingo, mostrou que Geraldinho contratou nove parentes.

- O senador não cometeu nenhuma ilegalidade. Seus funcionários trabalham e, independentemente de vínculos familiares, são pessoas qualificadas - diz a nota.

A Executiva informa que, se em algum gabinete parlamentar os funcionários ''com vínculos familiares ou não'' são utilizados para promover ''maracutaias'' ou ''engordar a renda'' de alguém, esta prática deve ser denunciada e punida. O P-SOL garante que este não é o caso de Geraldo Mesquita.

- O partido tem plena confiança em sua retidão ética, moral e política, qualidades raras na política brasileira e cujos desvios nem sempre são denunciados com a mesma veemência utilizada contra o senador do P-SOL - diz a nota.

O partido informa ter orgulho do senador recém-ingresso e afirma não existir imoralidade ou ilegalidade no gabinete de Geraldinho. A nota se contradiz ao dizer que a existência de funcionários com parentesco ''dá margem a ataques''. Por isso, diz o P-SOL, o senador ''encontra-se em processo de debate'' com a legenda para ''reestruturar seu gabinete'' de acordo com ''as necessidades políticas'' do seu mandato e do partido.

A Executiva ''repudia'' os ''ataques'' contra o senador. Para o P-SOL, a reportagem denunciando a contratação de parentes por Geraldinho é uma ''campanha caluniosa'' para enfraquecer um senador que teria se recusado a compactuar com a ''traição'' do governo Lula contra os trabalhadores.

Nenhum dos parlamentares do P-SOL quis se pronunciar sobre a nota. Antes da reunião da Executiva, Babá foi o único que deu declarações. O deputado disse que o partido tinha sido pego de surpresa ao saber de tantos parentes no gabinete de Geraldinho e afirmou ser contrário ao nepotismo.

Geraldinho subiu ontem à tribuna do Senado para dizer que não é corrupto. Admitiu ''laços de parentescos'' com seus servidores e atacou o governo Lula. O senador disse jamais ter recrutado para seu gabinete ''um Waldomiro Diniz'', referência ao ex-assessor da Casa Civil flagrado pedindo propina a Carlinhos Cachoeira.