Título: Empreendedorismo social
Autor: Maria de Lourdes Abadia Vice-governadora do
Fonte: Jornal do Brasil, 09/02/2005, Brasília - Opinião, p. D2

Brasília sai na frente e garante sua marca na luta pela inclusão social. Com a implantação do Cadastro Único de Beneficiários dos Programas Sociais, o Distrito Federal não só está aplicando melhor seus recursos, democratizando, ampliando e tornando o atendimento mais transparente, como também revolucionando sua metodologia com os projetos e ações sociais de contrapartida: alfabetização e capacitação profissional. O acompanhamento do cumprimento das exigências dos programas vem sendo feito pelas secretarias gestoras: Educação, Saúde e Solidariedade.

Os agentes sociais verificam se as crianças estão comparecendo às aulas, se as famílias beneficiárias se enquadram nos critérios de pobreza (renda per capita inferior a R$ 120,00) e se as gestantes estão fazendo o pré-natal. As crianças atendidas também precisam estar com o cartão de vacinação em dia. A visita dos agentes sociais ajuda a evitar fraudes e duplicidade de atendimento.

Se a renda confirmada for superior a renda declarada, aquela família é excluída do programa, porque os recursos precisam chegar a quem realmente precisa e se encontra em situação de risco.

Ainda neste mês de fevereiro, 109 visitadores vão bater na porta de 20 mil famílias em todas as cidades do DF para confirmar a veracidade dos dados.

Esses agentes passaram por treinamento durante quatro dias, ocasião em que receberam orientação de como registrar adequadamente os dados referentes a cada família visitada. Em seus relatórios, eles devem retratar a real situação de moradia e renda dos beneficiários. O sucesso do programa depende, em grande parte, do trabalho desenvolvido por eles.

A decisão de deixar o cartão preferencialmente em nome da mulher valoriza a mãe, garantindo melhor utilização do benefício em favor da família. Acreditamos e apostamos que a mulher tem a maior parcela de responsabilidade num processo de mudanças, numa realidade que exige transformação e busca novos paradigmas. É ela quem administra o orçamento doméstico e sabe o que a família mais precisa.

Os benefícios sociais destinados às famílias de baixa renda têm por finalidade oferecer condições para que essas pessoas, em curto prazo, adquiram condições de auto-sustentação. As Oficinas da Solidariedade, executadas pela Secretaria de Solidariedade, em parceria com o Sebrae, estão preparando as mulheres para o empreendedorismo social. Essas oficinas vêm oportunizando a inclusão social mediante a geração de trabalho e renda.

Nas oficinas são produzidos objetos de decoração, peças de vestuário e acessórios femininos e realizados cursos de pintura, crochê, macramé e fuxico, entre outros.

O resgate cultural é uma das preocupações da Secretaria de Solidariedade, que promove cursos de renda irlandesa, renascença, renda de bilro e richelieu. Desta forma, muitas mulheres passaram a tirar o sustento de suas famílias dos trabalhos manuais. Algumas chegaram a devolver o Cartão Solidariedade, porque não precisam mais do benefício.

Para facilitar a integração das 13 secretarias da área social, estabelecemos quatro níveis de atuação: Preventivo, com projetos culturais, esportivos, de lazer, palestras educativas; Promocional, com projetos de alfabetização, capacitação, renda universitária; Assistencial, com projetos de transferência de renda - Renda Minha, Renda Solidariedade, Peti (Programa de Erradicação do Trabalho Infantil) e Bolsa Família e os Restaurantes Comunitários; Emergencial, com atividades solidárias nas comunidades de risco como Itapuã, Estrutural e Arapoanga, entre outras. Agrupamos, também, os projetos por ''clientela'': crianças e adolescentes, gestantes, nutrizes, portadores de necessidades especiais, idosos, presidiários e moradores de rua.

Assim sendo, o Governo do Distrito Federal está fazendo o ''dever de casa'' na luta para combater a fome, a miséria e a pobreza. Está transformando a realidade urbana, econômica e social de nossa cidade, diminuindo a distância entre os que possuem e os que buscam melhorias. Estamos inserindo no Distrito Federal uma nova ordem de transformar os programas sociais em empreendedorismo social, além e ensinar as pessoas a serem agentes de seu próprio desenvolvimento.